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29/01/2019

Paraíba: volta por cima

Setor de serviços, produção de calçados, cimento e indústria têxtil impulsionam a economia paraibana

Estado da Paraíba é uma das menores unidades da Federação, com um território de apenas 56.469,778 quilômetros quadrados. No entanto, seu potencial de crescimento vai muito além das dimensões geográficas. Apesar da crise dos últimos anos, a Paraíba tem conseguido superar os desafios e mantido suas contas em relativa estabilidade.

De acordo com dados do governo estadual, é o sétimo melhor posicionado em equilíbrio fiscal e o sexto em investimentos públicos. No ano passado, os investimentos públicos e privados previstos foram da ordem de R$ 1 bilhão. Atualmente, o Estado é o segundo maior produtor e exportador nacional de calçados, com produção média anual de 200 milhões de pares, setor alavancado principalmente pela fábrica da Alpargatas, em Campina Grande, a 130 quilômetros de João Pessoa. É também o segundo maior empregador do setor têxtil no Nordeste, com cerca de 9 mil empregados.

Dados mencionados pelo atual governador Ricardo Coutinho em um pronunciamento oficial dão conta que a região fechou 2017 com superávit primário de R$ 240 milhões, quando a previsão era um déficit de R$ 509 milhõesSetor de serviços, mantendo-se em consonância com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Nos últimos sete anos, o governo estadual investiu R$ 1,5 bilhão em obras rodoviárias e, hoje, os 233 municípios estão servidos por rodovias asfaltadas. Segundo a economista Wanderleya Farias, professora de Economia Paraibana da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a situação é confortável, mas preocupante. “A maioria dos municípios está em situação fiscal crítica por causa de práticas clientelistas. Não há órgão de controle de orçamentos em pequenas cidades, e algumas só têm entre 3% e 5% de receitas tributárias próprias e sobrevivem com transferências orçamentárias federais”, observa.

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Desafios e potenciais

Segundo o IBGE, João Pessoa é responsável por R$ 18,3 bilhões do PIB do Estado (ver box), com predominância do setor de serviços. Nos últimos anos, o turismo de negócios ganhou força com a inauguração de um moderno Centro de Convenções, às margens da rodovia litorânea PB-008. Segundo Regina Amorim, gestora de turismo do Sebrae-PB, o Estado dispõe de 18 mil leitos. “Há cerca de 150 atividades turísticas, que vão desde as praias do litoral sul e as de ocupação indígena até as festas juninas de Campina Grande e o turismo rural em várias cidades”, diz. Para que o potencial se concretize, no entanto, o mercado aguarda a privatização dos aeroportos Castro Pinto (em João Pessoa) e João Suassuna (em Campina Grande).

O presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon--PB), Celso Mangueira, acredita no potencial da Paraíba não apenas no turismo. “A transposição das águas do rio São Francisco deve trazer benefícios à agricultura familiar na região do Polígono das Secas”, opina. Em estiagens anteriores, houve grande perda na produção de cocos, no município de Sousa, e morte de cerca de 400 mil cabeças de caprinos. Até mesmo Campina Grande, polo acadêmico e industrial, foi afetada pela seca do açude Boqueirão, que já recebe as águas do São Francisco.

Em virtude da facilidade de matéria-prima (areia e argila), o litoral sul se tornou um importante centro cimenteiro. “A Paraíba já é o segundo produtor brasileiro. A produção deve chegar a 10 milhões de toneladas neste ano”, comenta a professora Wanderleya.

A mudança na política tributária tem contribuído para a expansão da economia. Segundo o diretor da RC Assessoria Contábil, associada GBrasil na Paraíba, Roberto Cavalcanti, empresas como Martins e Johnson&Johnson instalaram centros distribuidores no Estado em função dos incentivos. “O ICMS de 1% na distribuição é uma importante vantagem competitiva para quem vende para fora do Estado. As empresas se aproveitam das facilidades logísticas da Paraíba”, afirma o empresário.

O olhar de um filho ilustre

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Nascido em 1942, em Cruz do Espírito Santo, na região metropolitana de João Pessoa, o economista Maílson da Nóbrega deixou seu Estado natal aos 25 anos para cumprir uma carreira de êxitos, entre os quais o posto de ministro da Fazenda, na década de 1980. Hoje, em São Paulo, no comando da consultoria Tendências, o economista acompanha o crescimento da região e guarda saudosas lembranças de sua juventude.

Gestão Empresarial – Quais as ações prioritárias do futuro governo quanto ao desenvolvimento sustentável da economia nos Estados do Nordeste?

Maílson da Nóbrega – As mesmas que se aplicam à economia brasileira. Primeiro, evitar a insolvência do Tesouro, que pode acontecer diante do crescimento da relação entre a dívida pública e o PIB, que era de 51% no início do governo Dilma e deve alcançar 80% em dezembro. Também é urgente a aprovação da Reforma da Previdência. Há ainda o desafio da produtividade, que vem caindo desde 2008, o que exige uma Reforma Tributária. Defendo também investimentos em infraestrutura por parte do setor privado.

No caso da Paraíba, incluem as privatizações dos aeroportos, casos de João Pessoa e Campina Grande?

Sim, manter os aeroportos nas mãos do governo é contribuir para a deterioração de sua qualidade. Em muitas áreas, teria impacto negativo na atração de turistas e na logística operada pelas empresas privadas.

O senhor foi favorável à transposição das águas do Rio São Francisco?

A Tendências Consultoria realizou estudo a pedido do governo federal em que ficaram provadas as amplas justificativas sociais e econômicas do empreendimento.

Passadas tantas décadas, quais as lembranças que o senhor guarda da Paraíba?

Muitas. De Cruz do Espírito Santo, não esqueço os banhos no Rio Paraíba, a colheita de caju e maçaranduba nos tabuleiros, as “peladas”, minha professora Inez Cunha e os tempos de coroinha na igreja com o Padre José João. De João Pessoa, recordo-me das viagens de bonde a Tambaú, as tardes na Bica, o Pavilhão do Chá (onde saboreei minha primeira cartola) e o Ponto de Cem Reis (hoje, desaparecido), onde ouvíamos, de alto falantes, as partidas da Copa de 1958. Outro dia, um amigo me enviou uma foto do Cine Brasil (que também já não existe mais). Eu era fã de cinemas. Enfim, nunca vou esquecer os lugares nos quais vivi antes de partir da Paraíba.

* Este é um conteúdo da revista Gestão Empresarial nº 44. Para acessar a edição na íntegra, clique aqui.

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